O Salmo 62 é um salmo de confiança, expressão de fé e entrega total a Deus. Para uma leitura metafísica, podemos entender os elementos desse salmo como representações de estados internos da alma e de sua relação com o divino.
1. A busca pela paz interior
No início, o salmista fala sobre sua alma estar em descanso em Deus: “A minha alma espera silenciosa por Deus; dele vem a minha salvação” (Salmo 62:1). Metafisicamente, isso simboliza o desejo profundo da alma de se reconciliar com a verdade espiritual. O “descanso” é a rendição da mente humana ao Espírito Divino, onde a alma encontra a verdadeira paz, que não depende das circunstâncias externas.
A “salvação” mencionada não é apenas uma questão de resgatar a vida física, mas um estado de cura espiritual, no qual a alma se liberta das ilusões e dores temporais.
2. A certeza da proteção divina
O versículo 2, “somente ele é a minha rocha e a minha salvação; ele é a minha fortaleza, eu não serei abalado”, aponta para a força imutável da verdade espiritual. No nível metafísico, isso sugere que a mente deve se firmar em uma base sólida e eterna, que é Deus, a Fonte Universal. Quando a mente se conecta com a Verdade (a Rocha), ela não se abala diante das tempestades emocionais ou intelectuais que surgem na vida.
3. Superação das adversidades
A imagem de “fortaleza” é central no Salmo, e no contexto metafísico, ela representa a estrutura espiritual interna capaz de sustentar a alma em meio a conflitos e desafios. Quando o salmista fala sobre os inimigos e as adversidades que tenta derrubá-lo (versículo 3), ele está descrevendo os obstáculos internos: dúvidas, medos e crenças limitantes. Essas forças negativas não têm poder sobre a alma que se ancla em Deus, pois a Verdade espiritual é invulnerável a tais ataques.
4. Confiança inabalável
O salmo segue com uma repetição de confiança em Deus, dizendo: “Em Deus repousa a minha salvação e a minha glória; a rocha da minha força, a minha esperança está em Deus” (versículo 7). Esse versículo reforça a ideia de que, ao confiar plenamente na presença divina, a alma encontra não apenas segurança, mas também sua própria identidade espiritual (a “glória”). A metáfora da “rocha” aqui é repetida, indicando que a confiança deve ser em algo que transcende a dualidade e as limitações do mundo material.
5. O chamado à confiança e à verdade
Nos versículos 8 e seguintes, o salmo faz um convite para confiar em Deus: “Confiai nele, ó povo, em todo o tempo; derramai diante dele o vosso coração; Deus é o nosso refúgio”. No plano metafísico, “derramar o coração” significa liberar as emoções e crenças limitantes, entregando-as ao poder purificador de Deus. É um processo de despojamento, de rendição total à verdade divina. Esse ato de entrega é essencial para a transformação interior.
6. A relatividade das riquezas materiais
Por fim, o salmo alerta contra a confiança nas riquezas ou nas coisas materiais: “Se as riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração” (versículo 10). Metafisicamente, isso nos lembra que o verdadeiro tesouro está na conexão com a essência divina, e não nas posses transitórias do mundo. A riqueza espiritual, simbolizada pela paz interior, é infinita, enquanto as riquezas materiais são efêmeras.
7. Conclusão: A confiança inabalável em Deus
Em última análise, o Salmo 62 nos convida a encontrar nossa verdadeira força e identidade no Deus interno, que é a fonte de nossa paz, força e salvação. A leitura metafísica nos leva a refletir sobre a necessidade de manter nossa mente focada na verdade divina, superando as dificuldades internas e externas, com a certeza de que, ao confiar plenamente, não seremos abalados.
A alma, ao se ancorar na presença constante de Deus, transcende as limitações da vida material e se eleva à consciência divina, onde tudo é possível e onde a verdadeira paz é encontrada.
